Declinando um tema universal — a perda da infância —, este romance conta a assombrosa história de Annie, uma protagonista de inesquecível rebeldia que fez nascer uma voz literária incontornável.
Filha única adorada, Annie vive uma infância idílica numa ilha do Caribe. O centro do seu pequeno mundo é a mãe, presença poderosa e benigna, de quem é inseparável. Mas, como em todos os paraísos, há uma serpente à espreita. Quando faz doze anos, tudo muda: questiona o seu pequeno universo insular; revolta-se na escola; mantém intensas amizades com outras raparigas; e a relação simbiótica com a mãe transfigura-se em tensão e rivalidade.
O desvio na rota prossegue: Annie resiste ao casamento como destino inevitável; teme o futuro na ilha; cai sem remédio na melancolia do espírito. Quando chegam ao fim os anos de escola, Annie decide abandonar a ilha e a família. Nesta viagem sem retorno, leva consigo o luto pelo amor da mãe e pela própria inocência.
Com notável mestria literária, Jamaica Kincaid exibe aqui a sua voz encantatória e pungente, irónica e inconformista. Uma narrativa que desata o nó dos complexos laços maternos e abre caminho a todas as descobertas.
«Kincaid tem uma obra sólida sobre a relação entre autobiografia e colonialismo, o feminino, o imaginário do Caribe. É um lamento, é raiva e quase uma oração.»
Isabel Lucas, Ípsilon
Os elogios da crítica:
«Se por um lado Annie John encaixa perfeitamente na estrutura clássica do bildungsroman, reduzir este livro a uma mera variação desse arquétipo narrativo seria de uma injustiça flagrante, porque a sua riqueza literária […] está na forma como nos transporta, de forma não linear, para as exultações, agruras e angústias do crescimento psicológico. […] Memórias que oscilam entre a luz forte da felicidade e a treva das dúvidas juvenis, num registo de grande fluência rítima e delicado lirismo, muito bem captado pela excelente tradução de Alda Rodrigues.»
José Mário Silva, Expresso
«A essência do que Jamaica Kincaid escreve tem a ver com a essência do humano: o amor, a morte, a relação mãe-filha, a religiosidade que, no mundo de onde ela vem anda a par com aquilo que muito facilmente se designa de realismo mágico; a depressão juvenil, a recusa de um destino predeterminado. E isso tudo numa linguagem em que cada palavra parece escolhida para conter o seu contrário ou levar à percepção de que essa palavra não é límpida. É mais como uma água ondulante, ou turva, ou profunda, que pode levar à perdição.»
Isabel Lucas, Público
«Uma escritora irresistível e avassaladora, esplêndida na sua simplicidade.»
Susan Sontag
«Uma história tão comovente e reconhecível, que todos podemos ver-nos refletidos nela. Essa é a maior força do romance: a sua sabedoria e autenticidade.»
The New York Times Book Review
«Não recordo nenhum outro escritor cuja voz contenha tamanha intensidade de raiva e de amor. É uma sonoridade mágica, litúrgica, cheia de música.»
The Paris Review
«Jamaica Kincaid transcende o tempo e a categorização. […] É uma das grandes cronistas das dinâmicas de família no século XX.»
The Guardian
«Fontes bem informadas em Estocolmo sussurram há vários anos o nome de Jamaica Kincaid como séria candidata ao Prémio Nobel de Literatura.»
La Vanguardia