Irreverente, contestatária, inquieta e revolucionária. Assim é Mafalda, a menina de 6 anos que não se cansa de questionar o mundo, e que este ano completa sessenta anos de existência.
Criada pelo cartoonista argentino Quino para o que pretendia ser um anúncio a eletrodomésticos, acabou no fundo de uma gaveta durante quase um ano, antes de ressurgir em 1964 no formato de tirinhas cómicas, na revista Primera Plana. O formato era muito simples: em cada tira, Mafalda fazia uma pergunta aos pais, que estes se esforçavam por responder, e que resultava sempre num comentário satírico da personagem. O sucesso foi imediato, e Mafalda começou rapidamente a ser traduzida e publicada noutros países. Mafalda deixa de ser uma simples personagem de banda desenhada e torna-se num ícone cultural acarinhado por pessoas de todas as idades e origens.
Dotada de uma personalidade forte e uma mente inquisidora, Mafalda é uma lente satírica e perspicaz com que Quino examina as complexidades e contradições da sociedade contemporânea. Preocupam-na questões sociais, económicas e políticas que vão muito além do que seria de se esperar para a sua idade. Defensora dos direitos humanos, a personagem opõe-se sagazmente às guerras, injustiças e desigualdades. E, acima de tudo, reclama com unhas e dentes que se abula a sopa de todos os menus de todas as casas!
Questionado sobre o sucesso da sua heroína, Quino disse: «Deve ser porque o mundo ilustra, dia após dia, as reflexões que saem de Mafalda». Sessenta anos depois, as suas observações bem-humoradas e continuam tão pertinentes como nunca.