Com a publicação do segundo volume da série Os Whisperwicks, A Maldição dos Arrebatados, falámos com o criador desta trilogia fantástica que tem conquistado o coração do público e os louvores da crítica especializada. Influenciado por narrativas de fantasia que marcaram a sua geração, o autor levou muito tempo a criar laboriosamente o mundo de Wreathenwold, onde a ação da saga se desenrola. «A imaginação é uma das coisas mais poderosas que temos».
O universo da magia é algo que te fascina? O Harry Potter, que tanto marcou a tua geração, também foi uma inspiração para ti?
Cresci durante a era de Harry Potter, por isso, com certeza, influenciou-me. Lembro-me de estar na fila à meia-noite para comprar os últimos livros e começar a ler quando chegava a casa. Também adorava Alice no País das Maravilhas e As Crónicas de Nárnia — qualquer coisa em que uma criança pode descobrir um mundo mágico e secreto escondido dentro de si.
No início da série Os Whisperwicks, como te ocorreu o tema do labirinto? É algo que tem algum significado especial para ti?
Sempre me interessei por labirintos. Simbolizam muito sobre a vida, a incerteza e, por vezes, a dificuldade de encontrar o melhor caminho a seguir, por isso isto pareceu-me uma base intrigante para um mundo mágico. O labirinto também permite muitas surpresas — nunca se sabe literalmente o que se vai encontrar na próxima esquina — o que é outra boa metáfora para a vida e algo de emocionante numa história infantil.
Disseste, numa entrevista, que começaste a ter ideias para o livro há cerca de uma década. Em que direção sentiste que foi a evolução da história? O que mais achas que evoluiu?
A ideia dos bonecos e do mundo labiríntico surgiu há muito tempo, mas muita coisa mudou desde então. Originalmente, pretendia situar todo o livro em Wreathenwold, mas senti que precisava de uma personagem do nosso mundo para que pudesse aprender sobre ela juntamente com o leitor. A grande reviravolta no final do primeiro livro foi outra das minhas primeiras ideias, e nunca a alterei em todos estes anos.
Quando escreveste o primeiro livro, já tinhas em mente que pertenceria a uma trilogia? E já tinhas pensado em como seriam o segundo e o terceiro volumes?
Sempre imaginei que seria uma trilogia, mas, para ser sincero, só esperava que um dos livros fosse publicado! Estou muito grato por tantas editoras em diferentes países se terem comprometido a publicar os três, pois a trilogia conta muito mais da história e permite muito mais desenvolvimento do mundo, novas personagens e muito mais emoção.
Esta saga juvenil tem conquistado o público e a crítica. Qual a razão para o sucesso?
Estou muito grato a todos os que leram e apoiaram os livros em todo o mundo. Este apoio generoso — bem como o apoio de todas as minhas editoras — desempenhou um papel fundamental na divulgação. Penso que, com o mundo como está hoje, a ideia de escapar para outro mundo numa aventura épica é muito apelativa para as crianças — e para os adultos!
Qual o papel das narrativas mágicas e de fantasia na formação e evolução dos jovens leitores?
É realmente importante. Desenvolve e fortalece a imaginação, e a imaginação é uma das coisas mais poderosas que temos. A fantasia oferece também outra forma de ver o nosso mundo e as nossas vidas, mostrando como as coisas podem ser diferentes – e ensinando também uma lição importante: apesar de muitas diferenças fantásticas, as pessoas são sempre mais parecidas do que diferentes.
Qual é a tua experiência no contacto com crianças e jovens? Estamos a conseguir captar novos leitores?
Ainda existe muito amor pela leitura entre as crianças, e as editoras estão a fazer um ótimo trabalho ao diversificar os livros oferecidos para que ninguém se sinta excluído. Os livros competem com muito mais hoje em dia do que quando eu era criança — jogos, TV, vídeos —, mas serão sempre capazes de oferecer uma experiência diferente e, uma vez que as crianças se apaixonem pela leitura, geralmente permanecem assim durante toda a vida.
Quais são as tuas rotinas de escrita? Escreves de manhã, à noite, com música, em silêncio…?
Antes, tinha de conciliar a escrita com um emprego a tempo inteiro, por isso escrevia apenas à hora do almoço e à noite (sempre que conseguia um tempinho). Agora que a escrita é o meu único trabalho, tento acordar e escrever de manhã e ao início da tarde. Não consigo ouvir música enquanto escrevo, gosto do silêncio (a minha filha às vezes dificulta isso).
A conclusão épica da série Os Whisperwicks chega em 2026. Será o adeus definitivo ou voltaremos a encontrar as personagens ou elementos da narrativa em próximos livros?
O mundo é muito rico e muito grande, por isso nunca se sabe o que vamos ver no futuro!








