A arte de María Hesse

A autora espanhola é mestre no que toca à ilustração. Já publicou inúmeros livros, como O prazer, Mulheres más e as biografias de David Bowie, Marylin Monroe e Frida Kahlo. Desta vez, Hesse é a nossa protagonista.

 

Como começou o teu interesse pelo desenho?
Não me lembro de não desenhar, era algo que eu adorava, desenhar e contar histórias. Fazia-o quando era criança e nunca mais parei.

O que é que te inspira hoje em dia?
Inspiro-me em tudo. Gosto de observar o que se passa à minha volta, ler, cinema. Falar com os meus entes queridos. Penso que, se mantivermos os olhos abertos, podemos inspirar-nos em tudo.

Como é que a tua arte evoluiu ao longo do tempo?
É difícil responder a essa pergunta. Acho que a maior evolução que tive com o meu trabalho foi saber ouvir-me a mim própria e perceber o que e como quero contar. É isso que torna o trabalho de cada autor único, porque acho que todos temos um olhar único, mas temos de aprender a prestar-lhe atenção, retirando o ruído que nos chega do exterior.

Quais são os temas que mais gostas de desenhar?
Depende do momento. Não estou sempre interessada na mesma coisa e não estou sempre no mesmo sítio como pessoa. Essa evolução enquanto pessoa também faz evoluir o meu trabalho.

O feminismo é uma constante no teu trabalho. Como é que te apercebeste que era uma causa tão importante para ti?
É uma constante porque eu sou mulher e habito este contexto onde ainda temos um longo caminho a percorrer. O livro que talvez tenha sido um antes e um depois do meu lado mais participativo com esta causa foi O prazer. Entrei nele de uma forma muito progressiva e quase sem ter consciência do que estava a fazer.

Como mulher que lida com questões relacionadas com o feminismo, sentes que o público está aberto e interessado nestas questões ou ainda há alguma resistência?
Há um pouco de tudo. Há pessoas com muito interesse e vontade de aprender e mudar as coisas, mas também há um público que ainda não está consciente de que não vivemos numa sociedade igualitária. Ser parte ativa da luta dá-nos muita alegria, mas também nos dificulta muito noutros aspetos.

O que é que falta conquistar na luta feminista, e em particular no mercado editorial?
Ufa, ainda há tanto a ser feito que é difícil enumerar. No que diz respeito ao setor editorial, por exemplo, ainda temos de nos livrar do rótulo da feminilidade para sermos consideradas universais. Os homens devem aproximar-se do nosso trabalho, como temos feito até agora.

O que diria o teu “eu” mais jovem sobre o trabalho que produzes e o que já alcançaste?
Passava-se!! [risos] Nunca teria imaginado chegar onde cheguei.

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