A Utopia à mão de semear

Por estes dias decorre a primeira edição do Festival Utopia, um evento literário com múltiplas ideias, encontros e atividades que pretende juntar autores e leitores, pensadores e estudantes, criadores e público. Afinal, a Utopia não vive apenas na imaginação de Thomas More: a Utopia vive-se, respira-se, ganha corpo em Braga.

 

O Festival

Tal como a ilha imaginada por More, toda a literatura é uma utopia que defende e projeta uma certa ideia de bem comum. Simultaneamente, é através de parábolas e imagens inventadas que os autores são capazes de expor os medos, os sonhos e os anseios dos homens.

O Festival Literário Utopia tem assim no centro a melhor das invenções, presente em todas as artes, ramos científicos e do saber. O livro, um objeto simples cujas características técnicas pouco se alteraram nas últimas centenas de anos, é um instrumento de compreensão do mundo e é, ainda hoje — numa época de aceleração — o maior transmissor de capital cultural perene.

 

A programação compõe-se de conversas, espetáculos, workshops, sessões com escolas, oficinas, entrevistas, exposições, passeios literários e várias outras propostas ao longo dos 11 dias. O Espaço Vita concentra grande parte da programação, mas outros espaços como o Theatro Circo darão também palco a momentos do Utopia. Foi lá, aliás, que decorreu a conferência de abertura com Frederico Lourenço e Ricardo Araújo Pereira.

Toda a literatura é uma Utopia e o Utopia abarca e transborda todos os tipos de literatura, o livro nos seus vários formatos e suportes, o livro enquanto peça central das outras artes e manifestações culturais.

Ao longo de 11 dias, Braga — uma das cidades mais dinâmicas do país — é centro, reservatório e motor propulsor do que melhor o livro tem para dar. Albergando todas as culturas e manifestações, respeitando e estimulando a diversidade, será a porta de entrada para o encontro de todos aqueles que se encontram e manifestam no livro. É um evento de grande potencial mediático com mais de 100 convidados que, convocando as forças vivas da cidade — universidades, bibliotecas, livrarias, agentes culturais — contará com autores de primeira linha e será replicável internacionalmente.

 

A embaixada Penguin

 

Como é habitual nos eventos charneira que marcam a agenda literária portuguesa, há uma embaixada de autores Penguin a abraçar a Utopia que agora ganha corpo. No primeiro fim de semana de programação, Afonso Cruz, Filipe Melo, Susana Moreira Marques e Fernando Ribeiro levaram as suas experiências até Braga, tendo participado em vários momentos distintos de programação, entre o espetáculo, o humor e o lado mais literário destas deambulações. No segundo fim de semana, o Utopia irá acolher a escritora russa Ludmila Ulitskaya, uma das autoras europeias contemporâneas de maior relevo – acaba de sair na Cavalo de Ferro o seu Mentiras de Mulher -, bem como João Tordo (que assinala uma carreira de 20 anos/20 livros), bem como Filipa Fonseca Silva, Karina Sainz Borgo e Lluís Prats, naquela que será a estreia do autor espanhol em território nacional.

Há, portanto, muitas e boas razões para estar em Braga, coração da Utopia, por estes dias. Aqui pode consultar a programação completa. Depois, é só encontrar espaço na sua agenda para tanta quimera, sonho, Literatura. E saber. Que nem sequer ocupa lugar, como a Utopia original de More.

 

     

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