Prémio Nobel de Literatura pela sua monumental obra, Os Frutos da Terra. Knut Hamsun (1859-1952), escritor norueguês, no ano em que lhe foi atribuído o prémio Nobel de Literatura, em 1920, era provavelmente o mais influente autor europeu. Thomas Mann, André Gide, Máximo Gorki, Franz Kafka ou o jovem Hemingway contavam-se entre os seus incondicionais admiradores. O uso que fez da subjectividade e do monólogo interior, aliados a um forte lirismo e a temáticas absolutamente inovadoras à época, fizeram de romances como Fome (1890), Mistérios (1892), Pan (1894) ou Victoria (1898) obras-primas e marcos no início da modernidade na literatura. Mestre inovador do romance psicológico, com a viragem do século, Hamsun prefere abordar temáticas sociais e históricas mais vastas, oferecendo nas suas obras uma particular visão do mundo, que se consubstancia numa crítica feroz à modernidade e ao progresso, considerados fontes da degradação do Homem, exortando, pelo contrário, o retorno deste a uma vida simples e salutar, em comunhão com a natureza. Máximo exemplo desta viragem é a publicação do romance Os Frutos da Terra (1917), cujo enorme sucesso numa Europa pós-bélica valeu em grande medida ao autor a atribuição do prémio Nobel. A seguir a este, a sua carreira literária prolongou-se por mais trinta anos, destacando-se deste período sobretudo a trilogia constituída pelos romances Landstrykere (1927), August (1930) e Men Livet Lever (1933). Figura controversa, Hamsun conheceu tanto a glória literária quanto, no final da sua vida, o mais aceso repúdio dos seus contemporâneos, o qual se ficou a dever às simpatias do autor pelo regime nazi e apoio público ao governo fantoche formado após a ocupação da Noruega. Uma vez terminada a guerra, tais posições valeram-lhe o julgamento por traição. A sua provecta idade salvou-o de uma condenação à pena capital, mas não da confiscação de todos os seus bens e do isolamento social. Acabaria os seus dias na mais completa pobreza. As suas Obras Completas, reunidas em 15 volumes, seriam publicadas em 1954, dois anos após a sua morte.
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