Jeferson Tenório vitima de ameaças e mensagens de ódio.

A Companhia das Letras Portugal e a Penguin Random House Portugal juntam-se à Companhia das Letras Brasil para manifestar apoio ao escritor e professor Jeferson Tenório, que tem vindo a receber ameaças e mensagens de ódio desde que confirmou uma visita a uma escola em Salvador, na Bahia, para uma palestra.

Autor do premiado O avesso da pele, romance que trata de temas urgentes como identidade, relações raciais e negritude, Tenório é uma das vozes mais potentes e corajosas da literatura brasileira contemporânea. No livro, lançado em 2020 no Brasil, e em 2021 em Portugal, a história de um filho e seu pai, professor do ensino público, ressalta justamente a importância do debate literário em sala de aula.

“Por mais que saibamos que o Brasil se tornou um lugar de intolerância e discursos de ódio, para mim ainda é difícil compreender porque um escritor é atacado e ameaçado dessa forma tão violenta por falar de literatura numa escola”, escreveu Jeferson no seu perfil no Instagram.

Repudiamos, assim, os ataques e ameaças desferidos contra o autor, assim como nos opomos a qualquer ato violento, racista e antidemocrático.

Post completo do autor Jeferson Tenório:

«Há dias venho sofrendo ataques e ameaças de morte após a confirmação de uma visita minha a uma escola em Salvador, na Bahia. As ameaças eram mensagens de ódio contra mim e ao meu livro O avesso da pele. Havia também referências diretas de ódio por eu ter recebido prêmio Jabuti. Nas ameaças anônimas diziam que se caso eu fosse na escola eu teria “meu CPF cancelado”, ou que “teria de fugir do país” para não ser metralhado.

Decidi tornar estas ameaças públicas para me proteger e também para que estas pessoas saibam que elas não podem cometer esses crimes e acharem que tudo ficará por isso mesmo. Não ficará. Os boletins de ocorrência já foram feitos, todos os prints já foram encaminhados à polícia da Bahia, assim como todas as medidas judiciais estão sendo tomadas.

Por mais que saibamos que o Brasil se tornou um lugar de intolerância e discursos de ódio, para mim ainda é difícil compreender porque um escritor é atacado e ameaçado dessa forma tão violenta por falar de literatura numa escola.

Agradeço imensamente o apoio da editora Companhia das Letras e das pessoas mais próximas a mim que tem acompanhado de perto todo esse processo angustiante dos  últimos dias.»

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