Dez erros muito frequentes da língua portuguesa

1. «Salgalhada» ou «salganhada»?

Não há «ganhada» na palavra. A confusão, a mixórdia, a trapalhada é a «salgalhada». De «salgar» + «-alho-» + «-ada».

2. «Preferir»

Preferimos uma coisa a outra. Preferimos a, não preferimos do que.

Prefiro ser criticada lutando por aquilo que acredito ser o melhor para o meu país do que a tornar-me prisioneira do labirinto da defesa do meu interesse próprio.

3. «Sidra»/«cidra»

Cidra é o fruto da cidreira. Sidra é o vinho de maçã, a bebida preparada com sumo fermentado de maçã. Em se tratando da bebida alcoólica, grafemos, por conseguinte, «sidra».

4. «Aselha» ou «azelha»?

«Aselha» e «aselhice» grafam-se com s.

5. «Estátua de bronze» ou «estátua em bronze»?

Estátua de bronze, porque feita de bronze, como chão de mármore, balcão de madeira, calças de ganga, camisola de lã, copo de plástico, garrafa de vidro.

6. «Ter entregue» ou «ter entregado»?

Com os verbos auxiliares ter e haver, usamos o particípio passado «entregado».

Muito obrigado por ter entregado os documentos.

A Ana já havia entregado o relatório.

7. Quer os textos o mais concisos «possível» ou «possíveis»?

Quer os textos o mais concisos que for/seja possível. Logo: quer os textos o mais concisos possível. Outra forma de resolver o problema (ou seja: de chegar à mesma conclusão) passa pela reordenação das palavras na frase: quer os textos o mais possível concisos.

8. «Ovelha ranhosa» ou «ovelha ronhosa»?

A expressão idiomática é «ovelha ronhosa». Provém de «ronha» (doença que ataca as ovelhas), e não de «ranho».

9. «Bimestral», «bimensal» e «quinzenal»

O que é bimestral ocorre de dois em dois meses.

O que é bimensal ocorre duas vezes por mês.

O que é quinzenal ocorre de quinze em quinze dias.

É precisa muita pontaria para algo bimensal ser quinzenal.

 

10. «Informar que» / «informar de que»

«Informamos o jornal de que errou ao se referir a nós como “um conjunto de meliantes”.»

«Informo que estarei de férias em Setembro.»

«Informo-vos de que estarei de férias em Setembro.»

«O Francisco informou-me de que desistiu de ser médico.»

«Vou informar a Rita de que amanhã irei à festa.»

Como pode verificar/corroborar/comprovar nos exemplos acima, quando explicitamos, na escrita ou na oralidade, o(s) destinatário(s) da informação, «informamos de que», porque informamos uma pessoa (ou conjunto de pessoas) ou entidade DE alguma coisa. Quando não escarrapachamos/identificamos os destinatários na frase, «informamos que». Ao «informarmos de que», o complemento directo de «informar» é o destinatário da informação.

 

Manuel Monteiro

 

Texto escrito segundo o anterior Acordo Ortográfico.

 

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