«Este livro não é só sobre mim. É sobre todos nós. Sobre aqueles que, como os meus pais, carregaram o mundo nos ombros sem nunca reclamar. Sobre os que vieram antes de nós, que cantaram o Funaná quando o mundo ainda não estava a ouvir. E sobre os que virão depois, inspirados por esta jornada, para que nunca mais tenham de caminhar sozinhos.», lê-se no prefácio do livro escrito pelo próprio cantor, Dino Santiago.
Mestre em Estudos Africanos, Catarina Barros Silva retrata em *Funaná is the new funk o percurso de Dino D’Santiago, um dos artistas mais emblemáticos da música portuguesa contemporânea. E foi ao explorar mais profundamente a obra do músico que percebeu que a sua produção artística é um veículo de mensagens em que cada letra carrega uma intenção clara de provocar reflexões e de promover diálogos sobre as realidades a partir das quais comunica. Que as criações musicais redescobrem a ligação entre Portugal, país onde Dino D’Santiago nasceu, e Cabo Verde, a sua terra ancestral.
O passo transcendente de MUNDU NÔBU
É com Mundu Nôbu, lançado em 2018, que Dino D’Santiago consolida a sua identidade e fortalece a sua expressão criativa, criando uma obra que reflete uma fusão única entre Portugal e Cabo Verde. O álbum é construído por um conjunto de camadas e elementos que se destacam pela convergência de várias inf luências e pelo cruzamento de múltiplas linguagens, proporcionando novas perspetivas e contribuindo para uma reconfiguração do espaço e da identidade do músico.
O livro
Dino D´Santiago é um dos grandes nomes da música portuguesa contemporânea. Amplamente distinguido pela crítica nacional e internacional, o músico revela um percurso artístico que traça paisagens representativas da sua identidade e reflete as formações sociais e históricas em que surge. Mais do que um autorretrato, a sua música é uma interpretação e representação coletivas.
Explorando esse trajeto, este livro procura enquadrar a diversidade de expressões presentes na obra do artista e apontar as camadas de sentido que contribuem para a sua construção.
Enquanto epicentro da sua criação, a Lisboa que Dino denomina de «Nova» destaca-se pela diversidade de fluxos e pela singularidade dos encontros que motiva a reinterpretação dos vínculos entre Portugal e Cabo Verde. A Lisboa multicultural espelha a visão do músico sobre uma cidade enquanto lugar diluído de fronteiras que anuncia a ideia de que todos são parentes – uma visão que estimula a criação de um espaço onde a tradição e a inovação coexistem e se alimentam mutuamente.
* Funaná é um género musical e de dança originários de Cabo Verde.