A história de uma família mergulhada na infâmia, narrada por uma rapariga sobredotada, com problemas emocionais: ingredientes para um romance de alta voltagem.
«De um só golpe, destruí a segunda juventude da minha mãe, talvez a única.» Assim conhecemos María Micaela Stradolini, ou Chela, protagonista inolvidável deste romance, ambientado na alta burguesia argentina dos anos 1920. A irrequieta e antissocial Chela mergulha num baú de papéis e fotografias, tesouros perdidos da sua biografia e da sua família. Ela, que nunca foi nada para ninguém e que é incapaz de se comover, até com a morte do que foi o seu grande amor, vai usar estes objetos para regressar a uma infância de menina rica e talentosa, magra demais e morena demais para o gosto da época. O retrato do que a rodeia é sombrio: a mãe, uma pianista fracassada, adora apenas Lula, a filha do meio; o pai é frio e psicologicamente violento; Lula insulta constantemente a irmã; Juan Sebastián nasce com uma deficiência profunda.
A ânsia maior de Chela é por libertação e liberdade — encontrará ambas nas viagens que faz como adulta, em busca do seu passado e do seu futuro, incluindo uma viagem à Sicília, onde encontrará, por fim, as raízes da sua singularidade.
Aurora Venturini, celebrizada pelo romance As primas, volta a mostrar-se como uma cronista mordaz da natureza humana. A família Caserta é mais uma brilhante exibição da verve narrativa de uma escritora que se adiantou ao seu próprio tempo.
«A família Caserta revela a convicção de que a literatura é o lugar para aprofundar o mal, sob todas as formas; não o mal monótono e previsível dos puritanos, mas aquelas dimensões imaginárias do mal que têm poder estético e que redimem. […] Neste romance, é possível encontrar um raro êxtase de felicidade verbal […], numa prosa que expressa um desenraizamento total e horrendo.» La Nación
Os elogios da crítica:
«Monstruosa e genial, de uma comicidade hilariante: ler Aurora Venturini significa encarar uma originalidade que por vezes nos desconcerta.» Clarín
«Há na escrita de Venturini uma força que marca quem se atreve a lê-la. Ela entra na literatura para deixar uma ferida.» Página 12
«A saga de uma família, os Caserta, é o eixo deste romance brilhante e provocador de Aurora Venturini, que assim continua o projeto estético de As primas, teimando em narrar o infame.» Revista Ñ
«Encontrar beleza na fealdade, fragilidade na reação severa contra o desprezo, amor no sofrimento: por Aurora Venturini, como só ela é capaz.» Claudia Piñeiro