Este corpo em que vivemos é tantas coisas: um cabide de carne e osso para a roupa, uma casa para a alma, o meio físico através do qual experimentamos e sentimos o mundo à nossa volta…
Achamos que tanto o corpo como as decisões que o afetam são só nossas, mas um olhar atento denunciará uma outra realidade: almoçamos em versão ‘dieta do bikini’, tomamos o contracetivo que nos deram sem questionar, tratamos o colo do útero sem saber bem em que consistiu o procedimento, marcamos a cesariana para encaixar na agenda do obstetra, ou fazemos mais uns injetáveis para apagar a idade da pele porque diz que ‘os quarenta são os novos trinta’.
Isto porque o corpo responde a modas, regras sociais e leis que ditam, em determinado espaço e tempo, como deve ser vivido. Numa espécie de hipnose de grupo, respondemos a estas exigências, esquecendo que somos agentes ativos na forma como a sociedade pensa, decide e progride.
Dos estereótipos físicos, às questões de género ou aos direitos reprodutivos, tudo cabe nos assuntos de corpo. Por isso, ele é mais do que a soma do que comemos. É um campo de batalha sociocultural e político.
A literacia de corpo é a arma mais poderosa de combate à desinformação, objetificação e comodificação dos corpos, e um caminho para a consciência social e o resgate da autoridade pessoal sobre o corpo.