Raquel Patriarca foi a vencedora, ex aequo, da 3.ª edição do Prémio Ibérico Álvaro Magalhães que distingue as melhores obras da literatura infantojuvenil em língua portuguesa e espanhola. A autora foi premiada pela obra Os Avós São as Pessoas Preferidas dos Pássaros, ilustrada por Sérgio Condeço, e com selo da Nuvem de Letras. E começa por agradecer esta história aos seus avós: «Aos meus avós por nos terem feito sentir netas tão contentes, tão amadas e tão cheias de saudades».
O júri, constituído por Álvaro Magalhães, Adélia Carvalho e Margarida Noronha, premiou igualmente Francisca Camelo, pelo livro A casa invisível (ed. Associação para a Promoção Cultural da Criança), destacando as duas obras como «narrativas poéticas de amplitude verdadeiramente universal».
A declaração do júri sobre a obra de Raquel Patriarca foi a seguinte:
«Os Avós São as Pessoas Preferidas dos Pássaros é uma narrativa poética, com protagonistas em que todos nos podemos reconhecer (avós e netos), escrita num ritmo envolvente, com movimento e sensibilidade, e numa linguagem que capta toda a realidade e toda a essência vital da relação entre avós e netos (o amor, a ternura e a alegria infinitos…).»
Um poema à infância e aos avós
Publicado em 2024 e já na terceira edição, este é um álbum nostálgico e feliz, que celebra um dos vínculos mais bonitos que podemos ter. Uma viagem poética à infância «porque o resto da vida é muito tempo para ter saudades».
Os avós até são capazes de dançar ao som da música
que só existe na imaginação dos netos e, por isso,
os avós são as pessoas preferidas dos pássaros.
As histórias e os segredos partilhados, o cheiro que os netos descobrem quando abraçam os avós pela cintura, as gavetas cheias de muitas coisas inúteis e estranhas. Uma homenagem àqueles que nos falam, muitas vezes, de «lugares distantes com palavras antigas.»
Os avós têm rugas no rosto e ossos tortos nos dedos.
Os netos não se importam porque no rosto enrugado dos avós
há sempre um sorriso, e os dedos tortos dos avós
fazem sempre festas nos cabelos dos netos.
Os sorrisos e festas dos avós
fazem os netos sentirem-se mais fortes.
«É nas alturas mais importantes que as palavras nos falham. Escolhem, talvez, partir em busca do sol, apanhar maias ou subir às árvores, inteiramente alheias às nossas aflições.
Como explicar a sensação de receber um prémio com o nome e das mãos de alguém que é, para tantos de nós, um herói e uma inspiração? Não sei.
Como definir a circunstância de ser feliz e abraçada por amigos genuínos no momento exato da alegria? Não sei.
Como compreender o fenómeno de maravilhamento que é tocar alguém com as histórias – ou desestórias – que escrevemos? Não sei.
Sei apenas da gratidão que me enche a alma.
Aos meus avós por nos terem feito sentir netas tão contentes, tão amadas e tão cheias de saudades; ao Sérgio Condeço que se deixou encantar pelos Avós que são as pessoas preferidas dos Pássaros, os entregou à editora e os fez nascer em ilustração; à Célia Louro que, com a cabeça e o coração sempre a sonhar numa Nuvem de Letras, deu corpo e partilha a tudo; às equipas da Câmara Municipal de Valongo e da Papa-Livros Eventos que inventaram a Onomatopeia, o Festival de Literatura Infantojuvenil de Valongo e, com ele, o Prémio Ibérico Álvaro Magalhães para a Literatura Infantojuvenil; e ao triunvirato Álvaro Magalhães, Adélia Carvalho e Margaria Noronha que, neste ano de 2025, se fizeram família e júri do prémio que também me coube receber. Agradeço muito, mais com os sorrisos que tenho estendido e do que com as palavras que me têm falhado. Também eu hei de ir em busca do sol, apanhar maias e subir às árvores. Talvez possa trazer as palavras de volta, porque escrever é maravilhoso, e escrever com abraços dentro, é melhor ainda!»
Raquel Patriarca
O Prémio Ibérico Álvaro Magalhães, uma iniciativa da Câmara Municipal de Valongo, foi criado em 2023 para assinalar a celebração dos 40 anos de carreira do escritor Álvaro Magalhães, várias vezes premiado pela Associação Portuguesa de Escritores e pelo Ministério da Cultura. O prémio é entregue anualmente no ONOMATOPEIA – Festival de Literatura Infantojuvenil de Valongo.