Susana Romana: «Tenho muita vontade de escrever coisas que façam os miúdos rir»

A estreia de Susana Romana na literatura infantil chega com A Fada do Nada (ed. Booksmile), um álbum cheio de humor e magia, ilustrado por Ana Fonseca. A autora, que trabalha como guionista, humorista e radialista, falou-nos desta nova aventura, que talvez seja só o começo de um longo caminho.

 

Quais são as tuas referências na literatura infantil?
Gosto muito, muito do Oliver Jeffers, é talvez o meu autor infantil preferido. E adoro o livro A Toupeira que Queria Saber Quem lhe Fizera Aquilo na Cabeça, de Werner Holzwarth e Wolf Erlbruch. Acho que as crianças têm um sentido de humor muito apurado e gosto de livros que servem para as fazer rir. Mesmo quando já conhecem a história, dão aquela gargalhada boa nas partes que lhes caem no goto.

Qual a relação entre as tuas outras atividades e esta aventura de escrever para os mais pequenos?
O meu trabalho é, essencialmente, como guionista. E já trabalhei várias vezes em conteúdos para público infantojuvenil, do Inspector Max a programas originais para o Panda Biggs ou para a RTP 2. Também já escrevi peças de teatro infantis. As crianças são um público muito honesto, se não gostam avisam-te logo.

A Fada do Nada é um título algo filosófico, existencial. Porque escolheste este título?
Bom, a verdade é que o título original do livro era um spoiler sobre o que acontece à protagonista. A Fada do Nada era mais misterioso, além de ser curto e de rimar, tal como o livro propriamente dito.

A história aborda questões de autoestima, descobrir qual é a nossa vocação, o nosso lugar no mundo. Porquê esta temática?
É um tema bastante transversal ao longo da nossa vida toda, o de às vezes não sabermos muito bem para o que temos jeito ou o que estamos cá a fazer. E eu gosto de livros que abordam temas que não vão só ser importantes para os miúdos durante a infância, podem também deixar sementes para a vida adulta.

Porquê a opção pelo texto em rima?
Porque como mãe já tive de ler muitos livros em voz alta e sempre gostei de livros que têm um certo ritmo, que soam bem. Também acho que esta cantilena é interessante para miúdos que estão a começar a saber ler.

Como foi a tua relação com a ilustradora?
Sou fã da Ana Fonseca! Confio nela de olhos fechados, acertou muito depressa no que se pretendia: fofinho, mas com um toque de humor.

Como pode este livro ser trabalhado nas escolas?
Acho que pode ser útil para trabalhar não só a autoconfiança, como a ideia de que ir falhando não é em si um defeito. É normal não ter jeito para tudo, é normal não se ser bom numa coisa logo na primeira tentativa, é preciso ir insistindo e experimentado abordagens novas.

Tens mais projetos de livros infantis? Que outras histórias gostarias de explorar?
Tenho sempre mais ideias na cabeça do que tempo. Como muito do meu trabalho é na área da comédia, tenho muita vontade de escrever coisas que façam os miúdos rir. Gostava muito de me aventurar em novelas gráficas para este público.

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