Um dos grandes cultores da língua portuguesa, Daniel Jonas estreia-se na prosa com uma «quase-ficção». Encontramos aqui uma peculiar forma de pensar o mundo e a linguagem, figuras com quem já nos cruzámos, obsessões comuns. Misturando biobiologia e astrologia, fala-se de Dante e Rui Reininho como de Camões e Teena Marie, viaja-se de Paris a Massamá ao cemitério, discorre-se sobre conselhos vínicos ou champignons.
A justa desproporção atravessa o cinema, a música e a literatura, e faz paragens em Shakespeare, Dylan, Beckett, Buñuel, Truffaut: todos lhe servem para partilhar intuições sobre descobertas contraceptivas, os programas da tarde na televisão e certas expressões de despedida. Entre a tudologia, a hipocondria e as saudades de sítios aonde nunca fomos, há lugar para os grandes temas — amizade, morte, humor — e para se reflectir sobre a inesperada relação de causalidade entre fins trágicos e más interpretações.
Os elogios da crítica
«Daniel Jonas é um autor de culto, [que] faz da literatura um jogo, por vezes perverso e com algo divertido.»
António Guerreiro, Público
«Daniel Jonas faz essa arqueologia dentro da linguagem para encontrar não as palavras mais transparentes mas as mais densas. As que estão, como a vida, opacificadas por conterem cadeias de significado, reminiscências, semelhanças, analogias.»
Joana Emídio Marques, Observador
«Uma escrita minuciosamente arquitectada, pois neste mundo não entram as palavras que se lhe não pertençam por mérito.»
Roberto Bezerra de Menezes
«O notável autodomínio com que o poeta percorre as zonas da tradição alto-poética do visionarismo é bem revelador do ‘monstro’ de técnica poética que é Daniel Jonas, provavelmente o caso mais impressionante de domínio de formas e metros da poesia.»
Osvaldo Manuel Silvestre