Plano Nacional de Leitura
Literatura – 15-18 anos
O ano de 1976, na Argentina, ficou marcado pelo início da ditadura militar, de que resultaram, entre muitos outros horrores, centenas de crianças desaparecidas. Na sequência do golpe militar, um jovem casal de psicanalistas decide deixar as trincheiras da Resistência e exilar-se no Brasil, levando consigo uma criança que adoptaram entretanto. Em terras brasileiras, o primogénito adoptado ganha irmãos. À medida que a família cresce, complicam-se as relações e adensa-se o mistério da identidade do primeiro filho. Cabe a Sebastián, o filho mais novo do casal e narrador desta história, tentar compreender e reconstruir o passado da família para poder reescrever o seu futuro.
Numa poderosa autoficção, Julián Fuks reconstrói a história íntima de uma família e de um país. Uma narrativa singular e engenhosa, em que emoção e inteligência andam de mãos dadas, em que facto e ficção não são exactamente o que aparentam.
«Não sei bem se escolhi meu tema ou se fui escolhido por ele. Muito antes de arriscar a primeira linha já sabia que um dia teria que escrever este livro, já ouvia os sussurros da história, já compreendia que tarefa era a minha.» Julián Fuks
Sobre A resistência:
«Um objeto narrativo dos mais sólidos, que não procura ser invasivo ou indiscreto, mas acima de tudo intenta resistir ao que nos devasta: o esquecimento, a alienação e a inobservância do outro e de si.»
Estadão
«O narrador aprendeu com a psicanálise que a resistência pode ser o lugar onde emerge o que não se quer admitir ou enxergar. Daí a necessidade de não ceder diante dela. Ali, justamente, é onde se deve insistir. A literatura muitas vezes é a forma dessa insistência. Mas poderíamos pensar que a literatura também resiste: ela reproduz modelos identitários, reforça posições familiares, cristalizando relatos de si.
(…)
O irmão é o leitor que se imagina e se teme. O leitor que se enfrenta, corajosamente, como resistência ao silêncio.»
O Globo
«É com o seu Sebastián-Julián, ‘narrador não confiável’, no limite entre realidade e ficção, história e memória, que Fuks encontra na literatura a sua morada.»
Folha de São Paulo
«Essa presença evasiva e escorregadia do irmão, que resiste ao apelo familiar, uma resistência pela imobilidade, como nos dirá Sebástian, o narrador do romance, pode muito bem nos remeter ao irmão alemão de Chico Buarque, que também se torna um pretexto familiar para figurar um drama que transcende esse universo e toca os dedos na ferida ainda aberta de uma das mais violentas décadas da América Latina.»
Valor Econômico