«Palavras são estradas. É com elas que conectamos os pontos entre o presente e um passado que não podemos mais acessar. Palavras são cicatrizes, restos de nossas experiências de cortar e costurar o mundo, de juntar seus pedaços, de atar o que teima em se espalhar.»
Durante cinquenta anos, entre 1965 e 2015, Seu Didi foi camionista nas estradas do Brasil. O país mudou, o mundo transformou-se, Didi adoeceu. Este livro conta a sua história, que é também a história de uma família, de um país e de uma época.
Num livro ao mesmo tempo bravio e terno, José Henrique Bortoluci parte de conversas com Didi, o seu pai, e leva o leitor numa viagem pelo passado e o presente de um homem comum, que viveu a ditadura militar e um quotidiano amargo, a chegada do «progresso» e a falta de oportunidades, o apagamento da individualidade, a ausência de futuro quando lhe é diagnosticado um cancro. Mas não só — o autor mergulha no baú das suas recordações, no diário da mãe, nas histórias dos companheiros do pai, e afina o tom com rara sensibilidade.
Feito literário incomum, O que é meu compõe um álbum de família onde desfilam personagens e episódios que não sairão da nossa memória: uma narrativa íntima, mediada pela idiossincrasia de quem escreve, e que se aventura por registos e territórios pouco explorados na literatura em língua portuguesa.
Os elogios da crítica:
«Com extrema sensibilidade, José Henrique Bortoluci conjuga biografia, história, sociologia e política, para fazer de um homem comum o protagonista de um épico invisível.»
Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras
«O que é meu nasceu de uma inquietação intelectual: [o autor] queria saber se ‘era possível narrar a história de uma sociedade a partir da trajectória de um homem comum’. Por outro lado, também tinha o desejo de descobrir ‘novas possibilidades’ para a sua escrita. […] José Henrique Bortoluci quis escrever este livro também como ‘uma forma de descolonização’ da sua escrita.»
Isabel Coutinho, Público
«Num único livro, José Henrique Bortoluci reúne as entrevistas que fez ao pai sobre os anos dele como camionista […], junta-lhe as próprias recordações da infância e as entradas repescadas do diário da mãe e embrulha tudo com uma dura dose de realidade […]. Íntimo e pessoal, O que é meu consegue ser também universal […]. Esta é a história da ligação profunda entre pais e filhos.»
Andreia Costa, Observador
«O que é meu é um livro de ensaios ao mesmo tempo que é um livro de memórias ao mesmo tempo que é praticamente um diário — mas, acima de tudo, é um privilégio. É que raras vezes o simples é assim contado como belo.»
Ângela Marques, Sábado
«Um livro sobre relações: entre José e a mulher, entre José e os companheiros de estrada, entre José e o(s) filho(s), entre o pessoal e o político, entre a terra e as pessoas. E sobre como essas relações se cruzam, se chocam e constroem: heranças, corpos, países.»
Tatiana Salem Levy, Valor