A 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia. Duas semanas depois, uma organização feminina lituana foi instada a enviar para o terreno todo o stock disponível de testes de violação e contraceção de emergência. Apesar de a rapidez deste pedido ter sido surpreendente, a sua necessidade não o foi. Durante a ofensiva russa, as tropas de Putin seguiram a cartilha que pauta a sua conduta há muitos séculos.
Partindo de um discurso na Academia Sueca sobre a violência que o Kremlin exerce sobre as mulheres, Sofi Oksanen denuncia, num ensaio lúcido e rigoroso, um modus operandi antigo e revoltante: desde Catarina, a Grande, passando pela União Soviética, até aos dias de hoje, o exército russo violenta e humilha as mulheres dos territórios que invade, com vista à subjugação e ao genocídio desses povos.
Juntando testemunhos familiares a uma extensa e minuciosa pesquisa, Sofi Oksanen expõe o modo como a Rússia faz da violação uma arma de guerra, descredibiliza e desumaniza as suas vítimas, e instrumentaliza as mulheres russas para a perpetuação dessa violência.
A guerra de Putin contra as mulheres é um livro fundamental para perceber a cultura bélica russa, que faz uma releitura da história desta potência mundial à luz do colonialismo e resgata as suas vítimas, passadas e presentes, ao silêncio e ao esquecimento.
Os elogios da crítica:
«Um ensaio rigoroso, extensa e metodicamente documentado, perpassado por sentimentos de raiva e aguda lucidez. A forma como Oksanen relaciona o apagamento de um povo com a destruição de cada vida resume bem a força deste livro.»
Le Monde
«Como intelectual, Sofi Oksanen leva até ao limite os tópicos que escolhe. […] Sofi Oksanen pode ser encarada como par de autores pós-coloniais como Salman Rushdie, V. S. Naipaul e Chimamanda Ngozi Adichie. […] É, sem dúvida, uma das vozes mais relevantes do nosso tempo.»
Dagens Nyheter
«Cada capítulo, por si só, é um ensaio; a alternância entre o contexto pessoal e um outro, mais alargado, permite que uma realidade em parte inconcebível se torne compreensível. Em conjunto, os textos constituem um documento altamente convincente. Sofi Oksanen mostra-nos como a misoginia é uma premissa para uma ditadura totalitarista, aliando a abordagem sistemática da investigação à perspetiva da romancista.»
Adresseavisen