António Variações foi fugaz como um cometa: viveu na música profissional por apenas quatro anos e meio e morreu em 1984, com apenas 39 anos. Mas à medida que o tempo passa mais viva se torna a lenda.
«Viveu sozinho, à sua maneira, muito incompreendido, se é que ele próprio se compreendeu. Exigente e dono da razão, exótico, louco, apontado, foi até ao fim o mesmo miúdo que chegou a Lisboa sem nada, que falava baixinho e tinha vergonha, e por isso desejou tantas vezes regressar à origem: “Adeus que me embora vou/ Vou daqui prà minha terra/ Que eu desta terra não sou”.» Diz-se que António Variações era um artista à frente do seu tempo. Que era talvez demasiado moderno para um Portugal ainda tão cinzento e conservador, um país cujas aldeias perdidas no interior tinham parado no tempo e não tinham espaço para espíritos inquietos como o de António Joaquim Rodrigues Ribeiro. Variações, que assim decidiu chamar-se, fez-se sozinho. E quando conseguiu aquilo que sempre sonhou, quando todos na rua o cumprimentavam, quando a sua música explodiu nas rádios, morreu. Demasiado cedo, dizemos todos. Mas mesmo com pouco tempo de vida e música, deixou-nos a todos um legado único e extraordinário que ainda hoje inspira tantos músicos e artistas portugueses. Este livro é resultado dessa inspiração e também uma homenagem a um homem que nos deu tudo o que tinha para dar.