Os melhores livros de 2024, do romance ao ensaio, com poesia e BD

A Penguin inscreve 17 títulos entre os melhores do ano, numa lista eclética que abarca romance, autoficção, ensaio, poesia e novela gráfica.

Na Alfaguara distinguiram-se dois romances, um retrato perturbador do Mal de Marie NDiaye, vencedora do Goncourt, e a poderosa estreia de Tess Gunty, que conquistou o National Book Award.

A Elsinore deu que falar pela autoficção, com a estreia da portuguesa Rita Canas Mendes, nomeada para o prémio Wook Novos Autores, e o doloroso romance de fundo autobiográfico de Tatiana Salem Levy. E ainda pelo regresso do “furacão” Fernanda Melchor, com a sua literatura torrencial, vencedora do prémio literário do festival Correntes d’Escritas deste ano, e de Yuval Noah Harari, que continua a indagar o futuro da Humanidade face aos avanços da Inteligência Artificial.

Na Companhia das Letras brilhou o bambino Chico Buarque, com o seu périplo pela Roma dos anos 50. Afonso Cruz, José Gardeazabal e João Tordo trouxeram novas obras aclamadas, e a viagem de Isabel Lucas ao sonho americano ressoou em ano de eleições.

Com selo da Cavalo de Ferro, os nomes a fixar são, no romance, Jon Fosse, prémio Nobel, e a inclassificável Irene Solà. E ainda Richard McGuire, por uma novela gráfica absolutamente inovadora, e Zbigniew Herbert, numa jubilosa compilação da sua poesia (quase toda).

O ensaio disruptivo de Katy Hessel sobre uma história da arte que devolve às mulheres o lugar central, com chancela da Objectiva, e a terna novela gráfica de Joana Mosi sobre o quotidiano de um grupo de amigas na casa dos trinta, pela Iguana, completam este leque literário verdadeiramente abrangente, entusiasmante e luminoso.

 

[ALFAGUARA]

A vingança é minha
Marie NDiaye

Um retrato perturbador e inquietante de uma mulher atormentada, de um homem misterioso e do mais horrendo dos crimes. Um dos romances mais aclamados de uma das escritoras francesas mais relevantes da atualidade. Vencedora do Prémio Goncourt, Marie NDiaye integra o panteão da literatura europeia.

«Uma masterclass sobre poder e ambiguidade.»
Visão

O contrário de nada
Tess Gunty

Uma estreia literária arrebatadora, que inscreve Tess Gunty na linhagem do grande romance americano. Radiografia cáustica da vida contemporânea, uma história que põe a nu o esqueleto da natureza humana e a fragilidade dos laços sociais. Tess Gunty conduz o leitor numa invulgar viagem pelo desconcerto do espírito humano, pelas grandes doenças sociais e pelo alcance incomensurável da imaginação. Um prodigioso romance de estreia, distinguido com o National Book Award.

«O primeiro romance de Tess Gunty concretiza um feito extraordinário: abarcar a complexa textura do presente numa obra que insiste em explodir os seus limites.»
José Mário Silva, Expresso

 

[ELSINORE]

Teoria das Catástrofes Elementares
Rita Canas Mendes

A identidade, a memória, os traumas íntimos e geracionais de uma família portuguesa nos anos 90. O retrato divertido e trágico das vivências de uma família portuguesa entre Lisboa e Cascais nas últimas décadas do século XX. Uma família disfuncional como tantas outras, vista pelos olhos de uma protagonista durante a sua infância e adolescência. O romance de estreia de Rita Canas Mendes.

«Irónico, sensível, livro que escuta e observa tiques, modos de dizer, de estar, caixa de ressonância nada óbvia de um país nas suas últimas quatro décadas de vida.»
Isabel Lucas, Público

«Apanha-nos desprevenidos, este romance fragmentário e de linguagem ágil que retrata os subentendidos e as histórias de uma família.»
Visão

Melhor não Contar
Tatiana Salem Levy

Um romance de fundo autobiográfico sobre o peso do silêncio. Depois do aclamado Vista Chinesa, Tatiana Salem Levy regressa com uma narrativa fortíssima, corajosa e visceral sobre a perda da inocência e a condição feminina. De fundo autobiográfico e tocando em episódios de assédio familiar, trauma e aborto, este é um livro desconcertante de uma das grandes escritoras de língua portuguesa contemporâneas.

«A prosa é escorreita e, partindo de um eixo que possibilita o romance, Salem Levy faz uma espécie de apanhado de uma vida, numa constelação de relações, tecendo-as.»
Ana Bárbara Pedrosa, Observador

 

Paradaise
Fernanda Melchor

Uma exploração da violência e fragilidade da sociedade mexicana, das suas tendências racistas, classistas e hiperviolentas. Polo é um adolescente pobre e desajustado que sonha em fugir da sua aldeia miserável. No condomínio de luxo «Paradaise», estabelece uma espécie de amizade com o solitário Franco, filho de um rico e influente advogado. Juntos engendram um plano absurdo e macabro…

«Uma das vozes mais poderosas e magnéticas da nova literatura latino-americana.»
José Mário Silva, Expresso

Nexus
Yuval Noah Harari

Qual o verdadeiro poder da Inteligência Artificial? Qual o verdadeiro poder da informação? Nexus analisa o modo como o fluxo de informação nos trouxe até aqui. Começando na Idade da Pedra, passando pela canonização da Bíblia, a revolução da imprensa, a ascensão dos meios de comunicação social, até ao ressurgimento do populismo, Yuval Noah Harari convida-nos a refletir sobre a relação complexa entre informação e verdade, burocracia e mitologia, sabedoria e poder.

«A inteligência artificial é um dos grandes temas dos nossos dias, e Harari é o historiador-filósofo mais conhecido da atualidade.»
Luís M. Faria, Expresso

 

[COMPANHIA DAS LETRAS]

O que a chama iluminou
Afonso Cruz

Uma viagem acidentada ao Chile é o pretexto para uma reflexão inquietante sobre o sentido da vida. Afonso Cruz escreve sobre a eminência do fim, pessoal (também o seu) e coletivo, daí resultando esta novela-ensaio, reflexão terna e desapiedada sobre o fim das coisas. Mas, numa nota de esperança e como uma vela na escuridão, Afonso Cruz lembra-nos, parafraseando Saint-Exupéry, que não é a cera que fica, mas o que a chama iluminou.

«Saíamos da leitura com um certo grau de conforto que apenas os grandes textos nos proporcionam.»
Sérgio Almeida, Jornal de Notícias

«Uma reflexão sobre o desaparecimento que passa pela ditadura de Pinochet e pelo saque às populações indígenas.»
Visão

Origami
José Gardeazabal

Servindo-se do tom despojado a que o autor nos vem habituando — ora ácido, ora melancólico —, Origami fala-nos da solidão acompanhada, essa grande doença do século, mas também nos confronta com o incomensurável drama coletivo das migrações. Pelo meio, há um misterioso homicídio para resolver. Ao dirigir a luz para lugares quase sempre cheios de sombra, este é um livro inesperadamente libertador.

«Origami é um livro político, não no sentido aristotélico do termo, mas no sentido moderno e abrangente.»
José Riço Direitinho, Público

«Máquina narrativa em que a ferocidade da ironia esmaga os leitores desavisados.»
Visão

Bambino a Roma
Chico Buarque

Autobiográfico e envolvente, Bambino a Roma é uma viagem para a Roma dos anos 50, onde o autor passou parte da sua infância. Entre memória e imaginação, compondo uma narrativa sedutora e comovente, que abre as portas ao passado e a todos os mundos possíveis.

«Espécie de romance de formação, mas também cartografia de uma época. Cabe ao leitor deixar-se embalar nesta viagem, que mistura memória biográfica e invenção.»
Isabel Coutinho, Público

«Revisitação emocionante dos dois anos em que o cantor e romancista Chico Buarque viveu na capital italiana, entre 1953 e 1955, onde a memória é exercício de finíssima literatura.»
Visão

Os dias contados
João Tordo

O regresso de João Tordo ao policial com a icónica personagem Pilar Benamor. Depois de Águas Passadas e Cem Anos de Perdão, recua-se agora ao passado da personagem Pilar Benamor e ao confronto com o Embalsamador, o psicopata que o seu pai deixou fugir. Um mistério fulgurante, uma trama vertiginosa e magistralmente urdida, com todos os ingredientes para agarrar o leitor do início ao fim.

«Uma narrativa de leitura voraz.»
Visão

Viagem ao sonho americano
Isabel Lucas

Partindo da literatura norte-americana e percorrendo o país que (ainda) é visto como o centro do mundo, Isabel Lucas sai em busca de uma resposta para o que possa ser a condição americana: os seus paradoxos e fragilidades, mas também a sua grandeza e capacidade de reinvenção.

«Tendo como ponto de partida os escritores norte-americanos, este é um livro que celebra o mais nobre género jornalístico: a reportagem.»
Visão

 

[CAVALO DE FERRO]

Um Novo Nome (Septologia VI-VII)
Jon Fosse

O volume que encerra Septologia, a obra-prima de Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura. Considerada pela crítica uma das obras mais importantes da literatura contemporânea e um dos 100 melhores livros do século XXI, este volume final toca o sublime, numa exploração transcendente da condição humana e uma experiência de leitura única — encantatória, hipnótica e inconfundível.

«Ambos [Fosse e Knausgaard] valorizam a lentidão, a duração, a minúcia, mas no caso de Fosse a prosa é ainda mais fluida, frases longas, pontuadas e paginadas como uma frase única, mas com diálogos, analepses, descrições, monólogos interiores, estribilhos.»
Pedro Mexia, Expresso

 

Eu Canto e a Montanha Dança
Irene Solà

Um dos romances mais surpreendentes e de maior sucesso da literatura catalã e europeia. Situada nos Pirenéus catalães, esta espécie de fábula contemporânea fantástica está a dar um grande protagonismo a Irene Solà, autora que congrega dramas e tempestades, tragédias e folclore, para contar uma história onde também a natureza tem voz.

«A catalã Irene Solà oscila entre as grandes escalas — de espaço, de tempo — e as minúsculas, não perdendo quase nada pelo caminho. E sabe sempre captar as coisas certas.»
José Mário Silva, Expresso

«Um dos romances mais surpreendentes de entre os que se têm traduzido nos últimos tempos e uma homenagem à literatura oral.»
José Riço Direitinho, Público

o que sobressai da experiência de leitura é a sensação polifónica imersiva, de vozes que vêm de vários pontos das cenas, contrapostas e coadjuvantes em simultâneo, criando uma leitura acordada e surpreendente.»
Ana Bárbara Pedrosa, Observador

Aqui
Richard McGuire

Uma das novelas gráficas mais inovadoras de sempre e uma autêntica obra de arte
Brilhante e revolucionário, Aqui, de Richard McGuire, é a história de um espaço — o interior de uma casa, especificamente um dos cantos da sala —, e dos acontecimentos nele ocorridos ao longo de milhares de anos, projetados no passado e no futuro. Vencedor do prémio de Melhor Livro do Ano do Festival de Angoulême, recém-adaptado a cinema por Robert Zemeckis.

«Richard McGuire dinamita, neste livro, as regras da BD e o modo como devemos ler uma ficção contada com imagens.»
José Mário Silva, Expresso

«Num trabalho de fôlego, McGuire rompe com a linearidade sequencial da arte, oferecendo a vida entre 80 milhões de anos para trás e o ano 2213.»
Ana Bárbara Pedrosa, Observador

«Um trabalho sem igual, prova das imensas potencialidades da BD.»
Visão

Poesia Quase Toda
Zbigniew Herbert

No centenário do nascimento de Zbigniew Herbert, a sua poesia (quase) toda reunida num volume. Zbigniew Herbert, poeta e ensaísta polaco, é considerado pela critica internacional uma das personalidades literárias mais marcantes do século XX. Este volume antológico praticamente inédito percorre a carreira do autor em mais de 150 poemas. Introdução e seleção por J.M. Coetzee, Prémio Nobel de Literatura.

«O elemento crucial nesta edição, e aquilo que a torna tão impactante é a tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewicz.»
Diogo Vaz Pinto, Sol

«Zbigniew Herbert parece sempre movido pelo desejo de ser citado na íntegra, de não ser cortado aos pedaços, algures no meio do texto.»
Gustavo Rubim, Público

 

[OBJECTIVA]

A História da Arte sem homens
Katy Hessel

Katy Hessel segue a linha do tempo convencionada para a História da Arte ocidental por movimentos, estilos artísticos e acontecimentos políticos, e centra-se em dois grupos tipicamente excluídos do cânone: mulheres e pessoas queer. Um livro urgente, necessário e revolucionário sobre Arte e a presença imemorial e constante das mulheres neste mundo, apesar dos homens.

«Obra que advém da perplexidade de, na história da arte, as mulheres terem sido omitidas, apesar de o seu contributo ser original e contra variadas interdições.»
Luciana Leiderfarb, Expresso

 

[IGUANA]

A Educação Física
Joana Mosi

As memórias das aulas de educação física estão muitas vezes associadas às conversas de balneário, ora descomprometidas, ora profundas, num misto de descoberta do corpo, vergonha e pressão. Joana Mosi pegou nesse ponto de partida para uma novela gráfica sobre desejos e medos, o mundo digital, o crescimento da adolescente e a vida aos 30 anos.

«Com uma obra publicada em Portugal e no estrangeiro com registos muitos diferentes, Joana Mosi oferece-nos agora uma aula de Educação Física, não no sentido desportivo, mas na pesquisa das hipóteses que um relato pode conter.»
Visão

«Irá ser compreendido, sobretudo, pelas gerações que se encaixem nesta angústia contemporânea, podendo ser recebido com cinismo pelas restantes.»
Susana Romana, Observador

«Talvez este seja, sobretudo, um livro sobre a impossibilidade de contarmos a nós mesmos a nossa história e sobre a perseguição convicta que devotamos a essa impossibilidade.»
Sara Figueiredo Costa, Expresso

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