Em todas as aldeias próximas, em todas as freguesias das redondezas, havia o mesmo anseio de emigrar, de ir em busca de riqueza a continentes longínquos. Era um sonho denso, uma ambição profunda que cavava nas almas, desde a infância à velhice.
O oiro do Brasil fazia parte da tradição e tinha o prestígio duma lenda entre os espíritos rudes e simples. Viam-no reflorir nas igrejas, nos palacetes, nas escolas, nas pontes e nas estradas novas que os homens enriquecidos na outra margem do Atlântico mandavam executar. Todas as gerações nasciam já com aquela aspiração, que se fazia incómoda quando não se realizava.
Os elogios da crítica:
«A sua obra fecha um ciclo que a Peregrinação do Fernão Mendes Pinto abrira. E inicia outro que os nossos filhos verão cumprir-se. Ao optimismo expansivo do Mendes Pinto, os Emigrantes opuseram a reflexão pungente que a abordagem do real hoje suscita. À ascensão, a depressão. Aos damascos opulentos, a lã ancestral dos tosquiadores de Viriato.» Mário Sacramento
«Emigrantes é o relato veemente de uma viagem existencial de ida e volta, que desagua no coração das trevas, que um sol negro ilumina, e onde o sonho mirra e a vida seca.» Eugénio Lisboa
«Criador revolucionário na história das nossas letras, Ferreira de Castro trouxe-lhe o pulsar vivo de um povo, trouxe-lhe emigrantes vivos, camponeses vivos, políticos vivos, “tabaréus” vivos, lágrimas vivas, gargalhadas vivas, e até, pela primeira vez, operários vivos de uma classe viva.» José Carlos Vasconcelos
«Páginas vibrantes, cheias de vida e emoção, laivadas de tragédia, enegrecidas de derrota.» Augusto Navarro