Filipe Melo e Juan Cavia: «Esta história já a contámos da melhor forma que conseguimos, gostava de ver o que outros criadores fazem a partir dela»

São as palavras de Filipe Melo, as ilustrações de Juan Cavia, uma capa que parece uma obra de arte e uma composição musical nas últimas páginas – que só pode ser tocada por quem percebe de música, mas apreciada por todos, tal é a perfeição com a qual foi desenhada. Tudo isto fez com que Balada para Sophie apaixonasse (e continue a apaixonar) os leitores portugueses.

Publicada pela Companhia das Letras em junho de 2021, a novela gráfica está já na quarta edição e, entretanto, foi fazendo o seu caminho fora de Portugal. Depois de ter sido nomeada para quatro prémios Eisner (os mais importantes da BD), Balada para Sophie está agora a caminho da televisão.

O objetivo é que a história de Julien Dubois seja transformada em série. Os direitos foram adquiridos pelos Universal International Studios, que vão desenvolver o projeto em parceria com a IDW Entertainment, o departamento responsável por distribuir conteúdos com selo IDW – neste caso, a versão norte-americana de Balada para Sophie tem edição da Top Shelf Productions, chancela da IDW Publishing.

O processo ainda poderá ser longo, mas este já é um enorme passo para Filipe Melo e Juan Cavia. A Penguin Magazine falou com os autores sobre a nova vida que Balada para Sophie pode ganhar.

 

Como é que souberam que Balada para Sophie ia ser desenvolvida pelos Universal International Studios?

Filipe Melo: Soubemos disto por mail há uns tempos, mas era apenas uma hipótese remota, daquelas que não achamos que vão acontecer. Durante um jantar na Comic Con em San Diego [que aconteceu entre 21 e 24 de julho], soubemos que já estava assinado e que nos tinham comprado os direitos.

As negociações estavam a decorrer há algum tempo?

FM: Já estava em negociações há um tempo é claro que as negociações não passam muito por nós, a partir do momento em que escolhemos trabalhar com a IDW. Mas temos uma ótima relação, é um orgulho trabalhar com eles e uma grande alegria saber que há interesse no nosso livro.

 

Gostariam de estar envolvidos na adaptação?

FM: Com total honestidade, ficava contente se nos consultassem, mas entusiasma-me mais a ideia de trabalhar em coisas novas. Esta história já a contámos da melhor forma que conseguimos e gostava de ver o que outros criadores fazem a partir dela.

Juan Cavia: Gostaria muito que Filipe fizesse a banda sonora do projeto, se este vier a concretizar-se. Sinto que isto pode ser um desafio e uma contribuição muito produtiva. Em relação a mim, é complexo trabalhar em cinema. Suponho que, se isso acontecer, estaria interessado em participar no desenvolvimento visual.

 

O que representa este passo para vocês?

FM: É muito motivador e muito inesperado. As notícias que têm saído dizem que se vai fazer a série – isto ainda não sabemos se é verdade. Vendemos os direitos e isso faz-nos perceber que o livro chegou às pessoas e que continua a dar-nos alegria atrás de alegria. Estamos muito gratos por cada coisa que acontece.

JC: Estamos muito felizes por o livro continuar a crescer. Foi e é um projeto muito pessoal para nós e esta é uma bela forma de o manter em movimento.

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