Estas são histórias trespassadas pela morte, ensombradas pela vingança do céu, desenhadas com clarividente onirismo. Há uma mãe que detesta a filha e lhe nega um destino promissor; uma criada vinda de uma aldeola italiana com um objeto de devoção; duas mulheres que se conhecem no jardim zoológico e se juntam, honrando uma promessa; a assombração de um cão; gémeos órfãos que tomam posse de uma casa em ruínas e se dedicam a enfeitar caixões. Há flores murchas; ares lacustres estagnados; instituições governamentais para velhos, ou incapacitados; objetos de culto profanados e vingativos; pais e filhos que se punem; a vaidade na velhice. As personagens destes contos temem o céu e agradecem-lhe, já que apenas o céu conhece as profundezas dos seus desejos.
Fleur Jaeggy volta a afinar aqui a tessitura única — trama, linguagem, imaginação — que transforma cada um dos seus livros em peças cintilantes de inquietação humana e literária.
Os elogios da crítica:
«Os fabulosos contos de Fleur Jaeggy reunidos: tudo muito invernal, minimalista e gelado. […] Sem progressão narrativa assinalável, os contos não deixam de ter desenlaces, alguns inquietantes ou violentos, brinquedos de crianças mortas, incestos, ameaçadoras tesouras de podar, animais atirados ao lixo, suicídios, homicídios à martelada, exéquias.»
Pedro Mexia, Expresso
«Fleur Jaeggy escreve sobre o desamparo com tal precisão, que as suas palavras quase parecem gentis, acarinhando e admirando a infelicidade como se fosse o corpo de um amante.»
The New York Review of Books
Uma escritora magnífica, brilhante, selvagem.»
Susan Sontag
«As frases de Fleur Jaeggy […] assemelham-se mais a pedras preciosas do que a matéria carnal. As imagens surgem como clarões, descontínuas e impressionantes, antes de desaparecerem.»
Sheila Heti
«A caneta de Fleur Jaeggy é como a agulha de um entalhador a desenhar as raízes, os galhos e os braços da árvore da loucura — uma prosa extraordinária.»
Joseph Brodsky
«Fleur Jaeggy possui o invejável dom do olhar inaugural sobre as pessoas e as coisas, entretecendo uma mistura de frivolidade circunstancial e sabedoria absoluta.»
Ingeborg Bachmann
«Ler Fleur Jaeggy é parecido com mergulharmos nus de encontro a um roseiral negro, de tal modo ficamos perplexos perante tamanha beleza: é um gesto veloz e espinhoso, e emergimos do lado de lá cobertos de sangue.»
The Paris Review
«Uma escrita de pequena escala, intensa, impecavelmente incisiva.»
The New Yorker
«Delicadamente imbuída de um certo desequilíbrio e uma certa obsessão, e com laivos de emoção compostos e desvendados em simultâneo, a ficção de Fleur Jaeggy tem uma impressionante habilidade para criar personagens e atmosfera.»
World Literature Today
«Fleur Jaeggy é quase asceticamente pura na recusa de uma narrativa aperfeiçoada ou excitante. […] Num universo ficcional em que o sofrimento é hábito, a cada volta do destino ou a cada emoção inesperada, encontramos intoleráveis epifanias. Trata-se de verdades fundamentais, mas que têm de ser repetidamente esquecidas, para que as personagens sobrevivam. Porque não afirmar, apenas, estas desconcertantes realidades? É a autora quem responde: ‘São só distrações, incertezas, distâncias que nos aproximam dos nossos alvos, e aí é o alvo que nos atinge.’»
The New York Times