Um clássico de Shakespeare sobre os inegáveis efeitos físicos e psicológicos da ambição e da sede de poder. Um homem a braços com as consequências trágicas de uma ambição desmedida. Uma história exemplar sobre o caminho sinistro até à loucura.
Tradução e introdução de Daniel Jonas (Grande Prémio de Tradução Literária 2022)
Plano Nacional de Leitura Ciências e Tecnologia – Arte – 12-14 anos – dos 15-18 anos – maiores 18 anos
«Não volto lá: Tenho medo de pensar no que fiz; Nem quero olhar, não ouso olhar.»
No caminho de regresso de uma batalha ganha, dois generais de Duncan, rei da Escócia, recebem profecias inesperadas. A Banquo é vaticinado que dará origem a uma dinastia de reis. A Macbeth, porém, as bruxas anunciam que virá, ele próprio, a ocupar o trono. A partir desse momento, o outrora leal e corajoso general transforma-se numa alma sedenta de poder cuja ambição desmedida precipitará uma espiral de violência sobre a corte e o levará, a ele e a Lady Macbeth, à loucura.
Baseada na verdadeira história do rei Macbeth da Escócia, no século XI, e escrita e levada a cena nos primeiros anos do século XVII, a assombrosa Tragédia de Macbeth reflete sobre os limites do medo e da culpa numa mente dominada pela cupidez.
Da introdução: «Macbeth opera uma solução de continuidade bastante peculiar no teatro de Shakespeare. De alguma forma, ela importa para a tragédia um discurso de género que parece razoavelmente reservado às comédias. O cariz genital das suas ambivalências sexuais e do seu travestismo a rodos admitido no espaço libertino das comédias de equívocos parece notoriamente arredado do espaço trágico. Por outro lado, a tragédia define com relativa clareza uma certa arrumação de género e procede a uma organização relativamente pacífica de papéis. O que temos de fulgurantemente estranho na “peça escocesa” traduz-se num certo travestismo mental localizado no debate entre as personagens de Macbeth e Lady Macbeth. Esta é, a certo passo, a figura mais máscula, modelo de virilidade para o primeiro, apelando a uma contenção dos receios femininos no general e à prossecução de uma empreitada necessariamente masculina. Esta transfusão frequente de certas expectativas sociais atinge altas temperaturas no momento em que se caracteriza Lady Macbeth como uma figura absolutamente demencial e sinistra que infunde terror no espectador.
É, justamente, de animalidade que se alimenta esta peça. Ela caminha vertiginosamente para um fim, como um barco impelido pelos empurrões de uma procela a um destino trágico. Macbeth é esse barco sem possibilidade de regresso, acometido por uma força animal e natural rumo a um desígnio obscuro.»